Guarda-redes, portuguesices e escolhas absurdas

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Há coisa mais admirável do que um golo de um guarda-redes?

Ok, o sorriso de uma criança. E o pôr de sol à beira mar. E minissaias nas pessoas certas, também.

Mas, se tirarmos estes três casos…

E um abraço dos teus pais, lembrei-me agora.

Se calhar prosseguimos.

A verdade é que, falando de futebol, muito pouca coisa entusiasma mais do que um golo do guarda-redes. Capaz de juntar família, amigos e desconhecidos que estejam por acaso por perto da mesma televisão num olhar conjunto, seguido de sorriso cúmplice que une, cria laços e torna-nos mais próximos. Este evento raro é daqueles momentos que marca um antes e um depois. Sabes onde estavas, com quem estavas, talvez até o que vestias, no dia em que um guarda-redes marcou um golo.

Sobretudo quando, como aconteceu com Ivan Provedel, da Lazio, junta o belo ao inesperado. Uma coisa é festejar um golo de Chilavert ou Rogério Ceni, clientes fiéis da arte de marcar. Outra é decorar um nome semidesconhecido ao adepto comum porque nos fez sorrir com aquela mistura de ousadia e sorte (será mesmo? Havemos de falar sobre a percentagem de bolas que vão ter com o guarda-redes quando sobe à área contrária…) que culminou no empate frente ao Atlético de Madrid, na estreia da Liga dos Campeões.

Um brinde a ti, Provedel. O teu nome está decorado por uns bons tempos.

https://x.com/ESPNFC/status/1704450329922654327?s=20

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Há uma piada muito gasta quando morre alguém famoso de uma determinada arte. Vamos supor, um escritor. “Agora é o maior, mas aposto que não sabem dizer nem três músicas dele”, há de aparecer alguém a twitar (diz-se Xsar? Não vamos abrir essa porta, por favor), achando ter dito a coisa mais original de sempre.

A verdade é que este pensamento, obviamente em jeito de piada, encerra em si um hábito bem português de separar o trigo do joio: não és da nossa trupe.

Eu, que vejo natação sincronizada desde que os meus olhos abriram, não te admito a ti, plebeu imberbe, que venhas debater sobre a capacidade de estas pessoas flutuarem à tona com exuberância.

É certo que o exemplo é estúpido. Até porque é mentira. Eu nunca vi natação sincronizada. Tenho vida, lamento.

Mas se eu disser, imitando a voz de um fulano qualquer, “eu, que vejo NBA quando ainda ninguém sabia quem era o Jordan, não te admito que fiques feliz por ver o Neemias Queta nos Boston Celtics”. Ou “eu, que acompanho a Volta ao Tajiquistão, não reconheço como séria a tua opinião sobre o João Almeida na Vuelta”. Ou andam muito desligados, ou certamente já leram/ouviram coisas destas.

Amigos: há espaço para todos. Os que sabem de cor o 5 base dos Portland Trail Blazers de 1984, que acompanham ao minuto a Volta a Flandres e os que não ligam a nada disso mas sentem orgulho no sucesso dos portugueses.

Abram-lhes a porta. Será mais um para a vossa trupe. E, provavelmente, daqui a uns anos, também ele dirá: “eu já era fã antes de ser comercial”.

https://x.com/celtics/status/1704251645519937967?s=20

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Nem sei se me devia chatear com isto, mas cá vai: o Desp. Chaves, em 2023 – pormenor importante – decidiu que José Gomes era a pessoa certa para liderar o clube na Liga. 

O mesmo José Gomes que tinha acabado de “descer” o Marítimo, que estava na Liga há tantos anos que nem consigo contabilizar de cabeça e, sinceramente, ir procurar ao Google a resposta certa far-me-ia perder mais tempo do que escrever esta frase. 

Cinco jogos depois têm zero pontos, pior ataque e pior defesa da Liga. E foram eliminados da Taça da Liga logo à primeira.

Surpreendidos? Pois. Nem eu.

https://x.com/_Goalpoint/status/1704099955164463260?s=20

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