Sim, sim, já todos sabemos que voltou a ganhar Max Verstappen, mas teve de contar com uma ótima estratégia e ainda uma pinga de sorte. O Grande Prémio do Canadá foi, sem dúvida nenhuma, a corrida mais entretida da temporada até ao momento, com vários acidentes e incidentes que vieram dar um gostinho especial a este domingo de corridas.
A chuva, como sempre, veio baralhar contas, mas também as performances inesperadas de algumas equipas (para o bem e para o mal ou muito mal) proporcionaram a todos um espetáculo digno. Esta prova contribuiu – apesar de ter ganho o tricampeão do Mundo – para se continuar a alimentar a esperança de que vamos ter um campeonato bem diferente dos dois anteriores. Prova disso foi a aproximação de Lando Norris ao 2.º lugar e o facto de Max não estar a conseguir fugir aos seus adversários.
Estratégia ganhadora e a tal pinga de sorte
Logo no início da corrida houve uma equipa que decidiu fazer diferente das outras todas e, para espanto ou não tendo em conta a nova chefia, foi mesmo a Haas. Nico Hulkenberg e Kevin Magnussen, que arrancaram em 17.º e 14.º, respetivamente foram para a grelha de partida com pneus de chuva, enquanto o restante pelotão saiu de intermédios. A coisa correu muito bem, nas primeiras cinco a seis voltas, mas depois foram perdendo a vantagem consoante a pista foi secando. A jogada não é má, pois naquelas condições podia ter mesmo havido um ‘safety car’ nessas voltas e com os lugares – Magnussen chegou a estar em 4.º lugar – que foram ganhando, podiam ter mantido a posição em pista, parando para trocar o composto. Só o facto de terem arriscado, já merece o aplauso!
A estratégia vencedora, pois foi muito bem executada, foi a da Red Bull, com Max Verstappen, pois Sérgio Pérez continua não se sabe bem onde (já lá vamos). Depois de ter arrancado na 2.ª posição, o tricampeão mundial não conseguiu apanhar George Russell (sim, a Mercedes fez a pole-position) e ainda viu Lando Norris a ultrapassá-lo. Aliás, o piloto da McLaren conseguiu mesmo alcançar a liderança e chegou a ter onze segundos de vantagem para Max, que entretanto tinha ultrapassado Russell. Mas, veio o primeiro ‘safety car’, e como Norris passou pelas boxes, os restantes entraram todos e mudaram para pneus intermédios novos. Com a vantagem que tinha, ainda conseguiu parar e colocar-se no 3.º posto. Mas, o momento da corrida foi a paragem com o segundo ‘safety car’ – já agora, o primeiro foi um acidente de Logan Sargeant e o segundo um despiste de Carlos Sainz que depois envolveu Alex Albon.
Com a pista, cada vez mais, seca todos aguardavam o melhor momento para entrarem na ‘pit’ de forma a colocarem os pneus slick. Com novo ‘safety car’, Verstappen e Russell entraram e Norris ficou fora. O britânico da McLaren construiu nova boa vantagem, quase 20 segundos e parou na volta seguinte, mas foi por um triz. É melhor verem:
Ferrari, Ferrari… (sim, estou a abanar a cabeça negativamente) e Pérez, Pérez (mesmo movimento)
Depois de uma qualificação desastrosa para Sérgio Pérez (16.º, tendo ficado na Q1), os homens da Ferrari acharam por bem acompanhar o pior dos Red Bull, ficando ambos na Q2, com Carlos Sainz em 12.º e Charles Leclerc em 11.º. Todos tiveram arranques horríveis, com o mexicano a trocar logo uns ‘mimos’ com Pierre Gasly. O monegasco que tinha ganho em casa no último Grande Prémio recebeu logo indicações de que havia problemas com a sua unidade de potência e o espanhol, muito provavelmente com o mesmo problema, também não conseguia sair da traseira do pelotão. Com isto tudo, ainda houve uma jogada estratégica que deitou, completamente, fora a corrida de Leclerc. Logo na primeira paragem, a Ferrari colocou pneus slicks – sim, ainda choveu mais – e Charles não conseguia, simplesmente, andar, tendo mesmo acabado por abandonar.
O mesmo aconteceu com Carlos Sainz e Sérgio Pérez, tendo ambos andado aos peões, numa bela homenagem a este espaço, com danos irreparáveis nos seus monolugares. Deixo os vídeos e chamo a atenção para o facto de o espanhol ter colocado Albon de fora desta corrida, sendo que o piloto com licença tailandesa protagonizou um dos melhores momentos de sempre da modalidade (já mostro, paciência).
O que é isto Albon? Alpine e Aston bem, assim como Daniel Ricciardo
Depois de terem visto como Alexander Albon, piloto da Williams, que estava à procura de entrar nos pontos, ficou de fora deste Grande Prémio do Canadá, fiquem e atentem bem com este momento delicioso.
PS: Esta corrida merecia
Como habitualmente, há que fazer menções honrosas e por incrível que pareça são para os dois (sim, os dois) pilotos da Alpine, com ambos a terminarem nos pontos. Gasly foi nono (dois pontos) e Ocon foi décimo, levando o pontinho. Ainda de referir que com tantas incidências os dois pilotos da Aston Martin fizeram uma prova muito consistente e o resultado demonstra isso mesmo. Com o ‘velhinho’ a terminar na sexta posição e o homem que correu em casa, Lance Stroll, no sétimo posto. Ainda uma palavra de apreço para o bom desempenho de Daniel Ricciardo, durante o fim-de-semana, pois depois de se ter qualificado em quinto, conseguiu terminar no oitavo lugar e amealhar mais bons pontos para a V-card. Desta vez, Tsunoda não brilhou pois saiu de pista e nunca mais conseguiu recuperar posições, terminando em 14.º.