Max Verstappen venceu o Grande Prémio do Qatar, o penúltimo da temporada e o último que contou com corrida ‘Sprint’. O já tetracampeão do Mundo não deu hipóteses à concorrência, mesmo tendo saído da 2.ª posição da grelha, após mais uma penalização, por ter, supostamente, impedido a preparação da volta rápida de George Russell.
Ao que parece, segundo as palavras do piloto da Red Bull, o britânico defendeu a punição com unhas e dentes, diante do colégio de comissários e o neerlandês acabou mesmo por levar uma posição de punição. Algo que, e já todos os pilotos deviam saber, só enervou ainda mais Max Verstappen que com um arranque espetacular ‘saltou’ para a primeira posição e não mais a largou até ao final, somando o nono triunfo em 2024.
Porém, a partida não foi imaculada, aliás toda a corrida ficou marcada por vários incidentes e acidentes, com direito a ‘safety car’ e bandeiras amarelas (Lando Norris que o diga que nem as viu…), assim como uma peripécia que, para mim claro, é inconcebível nos dias de hoje.
Mundial de Construtores decide-se no fim e Lando fica com Leclerc muito perto
Depois de uma corrida de ‘Sprint’ em que a McLaren demonstrou toda a sua superioridade e até ficou no ar a ideia de que o Mundial de Construtores podia ficar já resolvido no Qatar. O domingo veio baralhar novamente as contas e uma ação de devolução de Lando Norris pode ter-lhe custado o vice-campeonato.
Com a corrida de ‘Sprint’ bem controlada, a McLaren conseguiu fazer 1-2, mas em cima da meta, Norris cedeu o lugar a Oscar Piastri, devolvendo o favor que o australiano, com ordens de equipa obviamente, lhe fez no Grande Prémio do Brasil. Mas, este ponto perdido pelo piloto britânico, tal como outros para os quais fomos chamando a atenção ao longo da época – Áustria e Hungria, por exemplo -, pode vir a fazer falta.
Na corrida de domingo, graças a uma penalização de 10 segundos, em que foi obrigado a ir às boxes cumprir, Lando Norris terminou o Grande Prémio no décimo posto e somou apenas dois pontos (fez a volta mais rápida). Enquanto, Charles Leclerc que foi amealhando tudo o que lhe caiu no colo ficou em segundo e fez 18. Assim, está a somente oito pontos do 2.º lugar no Mundial de Pilotos. Aumenta o interesse para Abu Dhabi.
Mas, esta penalização a Norris que não abrandou em situação de bandeira amarela, também custou à McLaren que ainda conseguiu o terceiro posto com Oscar Piastri. No entanto, Carlos Sainz foi sexto e a Ferrari ganhou pontos na corrida pelo título no Mundial de Construtores, o que apimenta e de que maneira a derradeira prova da temporada que é já este fim de semana.
A pimenta não se cinge ao campeão, mas também ao sexto lugar, que a Alpine recuperou, estando agora com mais cinco pontos que a Haas. A V-card ainda espreita, mas é praticamente impossível lá chegar.
Primeiros pontos para Sauber por Zhou e mais uma grande corrida de Gasly
Na tal luta pelo primeiro lugar do denominado segundo pelotão (se bem que a Aston Martin esteve mais perto destas equipas do que das da frente), Pierre Gasly voltou a brilhar. Depois de ter visto Nico Hulkenberg somar dois pontos no ‘Sprint’, o piloto francês qualificou-se em 11.º, atrás do outro Haas de Kevin Magnussen, mas o seu domingo foi perfeito, levando o seu Alpine até ao 5.º lugar, defendendo-se muito bem de Carlos Sainz no final da prova, e assegurando dez pontos, colocando a sua equipa novamente na sexta posição.
No entanto, a grande surpresa deste Grande Prémio do Qatar surgiu na oitava posição com a Sauber, através de Zhou Guanyu, a somar os primeiros pontos da temporada (quatro), numa corrida muito bem executada. Muito mérito para o piloto que assim sai do último lugar e fica à frente do seu companheiro de equipa, o experiente Valtteri Bottas. Algo com um significado tremendo para o piloto chinês que, e tal como o seu parceiro, está de saída da Fórmula 1.
Magnussen manteve a esperança e o maldito retrovisor
Kevin Magnussen também merece a sua salva de palmas, pois terminou no nono lugar e amealhou dois pontos preciosos para Haas que a colocam com legítimas aspirações para a 6.ª posição no Mundial de Construtores, depois de terem sido os últimos em 2023. Numa corrida em que viu o seu companheiro desistir, aliás, apenas terminaram 15 pilotos no Qatar, ou seja, houve cinco desistência, algo muito raro nos tempos que correm. Quase que cabia aqui a classificação total da corrida…
Mas, este Grande Prémio teve um protagonista inesperado. Nada mais, nada menos que um espelho retrovisor do monolugar Williams de Alex Albon. A peça não resistiu à velocidade e caiu em plena reta da meta, naquela que era a única zona DRS, ou por outras palavras, de ultrapassagem. As consequências foram graves para dois pilotos, depois de Bottas ter desfeito o espelho em pedacinhos…
Carlos Sainz e Lewis Hamilton passaram por cima de detritos, furando ambos os pneus dianteiros do lado esquerdo dos seus monolugares. Como estava na reta da meta, ambos foram obrigados a levar o carro, durante uma volta inteira, com o pneu furado, até às boxes. No Ferrari n.º 55 nem cabia o macaco por baixo para levantar…
Episódio caricato e com certa piada, mas que não pode acontecer neste nível de organização e competição. Isto porque não foi uma coisa imediata, ou seja, o retrovisor ficou na pista durante várias voltas, até que Bottas o partiu numa mudança de trajetória, pois era a zona para ultrapassar. Só depois dos furos entrou o ‘safety car’ que até passava pela via das boxes, para que os detritos fossem recolhidos. Inaceitável como a corrida não parou logo, quando o espelho ainda estava intacto, pois bastaria, talvez, um ‘virtual safety car’ para que um assistente pudesse percorrer a pista e recolher o objeto… Enfim!