Lando Norris marcou, e de que forma, a sua posição neste mundial de Fórmula 1, no Grande Prémio dos Países Baixos, com uma vitória categórica, neste regresso após a pausa de verão. O piloto britânico teve um fim-de-semana, praticamente, perfeito sendo que apenas falhou no arranque e é algo que já se está a tornar num problema (até psicológico) para Norris. Depois de uma pole-position fantástica com uma volta canhão, às 14 horas de domingo quando os semáforos se apagaram, o McLaren número 4 parecia que não andava, especialmente em comparação com o Red Bull de Max Verstappen que rapidamente se colocou na frente da corrida. Também pode ser um problema do monolugar papaia, mas já são demasiados maus arranques para ainda não terem explorado o problema a fundo. Dito isto, Lando Norris foi paciente e soube esperar pela altura certa para ultrapassar o tricampeão do Mundo que corria em casa.
A partir deste momento parecia que estávamos em 2023 e que a Red Bull tinha mudado as cores. Isto, porque o britânico foi embora de tal forma, numa exibição absolutamente fantástica – tal como Max fez e fez e fez e fez…-, recebendo a bandeira de xadrez mais de 22 segundos antes que o segundo classificado que foi o monolugar número 1.
Uma demonstração de força que deixa, sem dúvida alguma e apesar da distância confortável, Max Verstappen com uma pulga atrás da orelha e, muito provavelmente, não vai ser fácil livrar-se dela. Obviamente que o piloto neerlandês voltou a minimizar estragos com mais uma bela condução para segurar a 2.ª posição. No entanto, a distância foi agora encurtada – até porque Lando ainda levou o ponto extra da volta mais rápida, conseguido na última volta (impressionante!) – para 70 pontos e ainda há muitos pontos para disputar, nos nove Grandes Prémios e três corridas de Sprint que ainda restam até ao final da temporada…
Mundial de Construtores vai animar isto e de que maneira
Trinta pontos, repito 30 pontos, separam, neste momento, a Red Bull (no primeiro lugar) da McLaren que é segunda e, não se pode descartar, a terceira classificada Ferrari que vem a 64 pontos de distância. Todos esperamos que o Mundial de Pilotos seja, tudo indica que sim, bem mais animado que nos últimos anos, especialmente, com a luta entre os bons amigos, Max e Lando. Mas, o Mundial de Construtores vai criar um entusiasmado ainda maior, na minha opinião, até porque os chefes de equipa não são personagens com tanto fair-play como alguns pilotos. Penso que a Netflix vai ter aqui um belo par de episódios para a nova temporada do ‘Drive to Survive’.
Sem se poder descartar a Ferrari ou no pior dos cenários, também fica animada a luta pelo pódio, a disputa entre Red Bull e McLaren tem tudo para ser épica. Para mim, a marca britânica tem uma vantagem óbvia: dois pilotos a pontuarem bem. Podemos criticar, e bem, a má temporada de Sérgio Pérez, mas se o mexicano tivesse feito o seu trabalho como deve ser, muito provavelmente, não teríamos a oportunidade de assistir a uma ‘guerra’ que se adivinha bem interessante e entusiasmante.
Ferrari e Hamilton ainda conseguem surpreender
Sendo dois nomes que já se confundem com a modalidade, a verdade é que a Ferrari conseguiu ter um domingo que surpreendeu tudo e todos, assim como o sete vezes campeão do Mundo, Lewis Hamilton, após um sábado (qualificação) para esquecer. Charles Leclerc partiu da sexta posição e terminou no pódio, com um, pode dizer-se, espetacular terceiro posto. O monegasco defendeu-se com tudo o que tinha e não tinha do McLaren que vinha atrás de si, o de Oscar Piastri. Mas, também Carlos Sainz fez uma grande corrida, pois arrancou da décima posição na grelha de partida e foi acabar o Grande Prémio na quinta posição.
Sir Lewis Hamilton também fez uma excelente prova, depois de se ter qualificado em 12.º, ter sido penalizado em três lugares (15.º) e ter beneficiado da penalização de Albon para arrancar do 14.º lugar da grelha, o piloto britânico da Mercedes recebeu a bandeira de xadrez num respeitável oitavo posto, tendo subido seis posições. Já o seu companheiro de equipa andou, literalmente, para trás, pois arrancou do bom quarto lugar e foi terminar na sétima posição.
O ‘nosso’ Gasly em nono e o ‘inspetor’ velhinho que também pontuou
Penso não ser o único, ou talvez sim, que considera Pierre Gasly como o piloto que representa o nosso País, neste Mundial de Fórmula 1, devido à sua afinidade conjugal. Brincadeiras à parte, o piloto francês da Alpine fez uma grande corrida em Zandvoort, ao conseguir colocar o seu muito modesto monolugar no nono lugar, garantindo os respetivos dois pontos.
Também Fernando Alonso voltou a espremer tudo o que o Aston Martin tinha para fechar o top-10 e a atribuição de pontos. Mas, o melhor momento do ‘velhinho’ neste Grande Prémio foi depois da prova terminar, já que deu uma de ‘inspetor Seb’ – Sebastian Vettel era conhecido por observar os carros concorrentes ao pormenor -, levando o seu esforço (até precisa de ter cuidado com as cruzes) ao extremo. Ora vejam…
Para finalizar deixo mais um momento caricato do Grande Prémio dos Países Baixos, em que Kevin Magnussen é autenticamente ‘engolido’ por quatro monolugares, na reta da meta, numa altura em que ainda não tinha efetuado, sequer, a primeira paragem e os seus pneus já estariam, com certeza, em estado crítico. Uma situação que até motivou comentários na ‘cold down room’, por parte dos pilotos que foram ao pódio.