O Grande Prémio do Azerbaijão que percorre a ruas da capital, Baku, foi a melhor, pronto, uma das melhores corridas de Fórmula 1 de há muito tempo a esta parte. Logo pelo simples facto da luta pela vitória ter sido até às últimas voltas e durou, durou, durou…
Oscar Piastri foi o vencedor, somando o segundo triunfo na temporada, após uma condução, digamos, a roçar a perfeição. A corrida do jovem piloto australiano (apenas no seu segundo ano na categoria rainha do automobilismo mundial) contemplou um bom arranque, mantendo-se na 2.ª posição, uma boa gestão dos pneus médios, deixando – sem stressar – Charles Leclerc construir uma vantagem que rondou os cinco segundos, uma paragem bem efetuada e um turno de pneus duros excelente, no meio do qual fez uma ultrapassagem deliciosa ao piloto da Ferrari pela liderança da prova e, já sabem, nestes casos o melhor é mesmo ver…
Esta manobra ocorreu pela volta 20 e até ao final (51 voltas) assistiu-se a uma luta intensa, não só entre estes dois, mas com Sérgio Pérez (sim, não é mentira) também envolvido, sempre atento ao que podia suceder, de forma a tentar ‘roubar’ a vitória no Grande Prémio.
Uma luta que proporcionou momentos de levantar o rabo do sofá e de bater palmas à forma como estes craques conduziram os seus monolugares. Até porque, ao darem tudo, os pneus iam ficando piores (Charles Leclerc que o diga, pois ficou perto de perder o 2.º lugar a duas voltas do fim, mas já lá vamos) e isso proporcionou momentos como este – como se costuma dizer ‘kit de unhas’…
Lando a ajudar Piastri na ultrapassagem da McLaren e Max a minimizar danos
Lando Norris é o piloto que, verdadeiramente, ainda pode ameaçar a conquista do tetracampeonato por parte de Max Verstappen, mas uma qualificação azarada (bandeira amarela a meio da sua volta rápida logo na Q1), deixou o piloto britânico na 15.ª posição da grelha de partida, sendo que ainda beneficiou de penalizações a outros pilotos. Assim sendo e com Piastri a arrancar em segundo, a estratégia passou a ser a de levar um carro à vitória e o outro ao máximo de pontos possíveis. A McLaren entendeu bem a corrida e num momento crucial, colocou o candidato ao título a travar o ritmo de Sérgio Pérez para que o seu companheiro de equipa regressasse à pista (após paragem) ainda à frente do mexicano da Red Bull.
Por esta altura, Norris já tinha recuperado várias posições, enquanto os pilotos da frente iam efetuando a primeira paragem nas boxes. Mas, a sua luta era com o Red Bull número 1 e lá foi conseguindo manter-se à sua frente. No entanto, Max Verstappen não anda nisto há dois dias e sabe perfeitamente que o Mundial de Pilotos está ao seu alcance. O piloto neerlandês manteve-se na marcação a Norris, apesar das inúmeras queixas de que o seu monolugar não andava… No final, apenas perdeu três pontos para o principal adversário na renovação do título mundial. Enquanto, Charles Leclerc se aproxima sorrateiramente do 2.º lugar…
A má exibição (vá, sejamos justos, Pérez esteve bem apesar do infortúnio, já explico, calma!) da Red Bull levou a uma ultrapassagem por parte da McLaren que está, agora, a liderar o Mundial de Construtores. Ainda muita atenção à aproximação da Ferrari. Uma classificação que tem tudo para tornar os últimos sete Grandes Prémios da temporada ainda mais emocionantes (Netflix até esfrega as mãos…)
Acidente baralha top-10 e Russell fica com um pódio no colo
Vamos lá, então, a um momento que torna as corridas de automóveis sempre imprevisíveis. A duas ou três voltas do final, Charles Leclerc ficou praticamente sem pneus e Oscar Piastri partiu isolado para o triunfo, mas atrás de si tinha Sérgio Pérez e o seu companheiro de equipa Carlos Sainz, tendo ficado à mercê de ambos.
Tal como foi acontecendo na grande maioria da corrida, enquanto os dois da frente se gladiavam, o que vinha mais atrás espreitava, qual Willy Coiote, pela sua oportunidade. Assim foi! O piloto mexicano da Red Bull viu a sua hipótese e tentou a manobra para passar o monegasco da Ferrari, ao falhar o movimento, foi Carlos Sainz que passou por Pérez em mais uma excelente ultrapassagem nesta prova. No entanto, na saída da curva seguinte, os dois envolveram-se e acabaram ambos no muro e fora da corrida. Ora vejam…
Tranquilo da sua vida na 5.ª posição, George Russell viu o pódio (3.º lugar) cair-lhe no colo e os bons pontos subjacentes. Também Lando Norris terminou no 4.º posto e Max em quinto. Sendo que mais para trás surgiram as boas surpresas deste Grande Prémio do Azerbaijão.
Com menos dois pilotos, os principais beneficiados foram Lewis Hamilton que terminou no 9.º posto, depois de ter arrancado da via das boxes por ter trocado a sua unidade motriz e um tal de Oliver Bearman. O britânico que já tinha feito um brilharete na Ferrari no início da época, pontuou agora na sua estreia pela Haas (a sua equipa para 2025), na prova em que substituiu o banido Kevin Magnussen. Muito bem!
Williams dá ar da sua graça e o respeito pelos e dos mais velhos
Já pode parecer demasiado, mas também nunca escondi as minhas preferências, porém vou ter de voltar a dar uma menção honrosa a um ‘jovem’ que dá muito trabalho aos verdadeiros jovens, nesta grelha. Fernando Alonso voltou a fazer uma corrida excecional, tirando tudo e mais alguma coisa do seu Aston Martin e com o ’embrulhanço’ lá na frente terminou no 6.º lugar. Isto é saber conduzir.
Os dois Williams estiveram impecáveis, com Alex Albon a voltar a mostrar que se o carro ajudar, ele está pronto para lutar pelo número máximo de pontos possíveis e o sétimo posto prova isso mesmo. Uma ovação de pé para o seu recém-chegado companheiro de equipa, Franco Colapinto, que apenas no seu segundo Grande Prémio na Fórmula 1 arranca um 8.º lugar e os primeiros quatro pontos no Mundial de Pilotos, estando já à frente de Logan Sargeant que substituiu e de dois pilotos que estão a ter – e tudo indica ser para continuar – um 2024 para esquecer: Zhou Guanyu e Valtteri Bottas (ambos da Sauber).
O momento ‘fofinho’ deste texto vai para o Sir (isso mesmo, com todo o direito) Lewis Hamilton. O britânico não teve uma corrida fácil e ia ficar fora dos pontos, se não tivesse ocorrido o acidente na frente. Mas, no final, o sete vezes campeão do Mundo, não teve problema nenhum em admitir que os jovens (Colapinto e Bearman) conduziram muito bem e fez questão de os saudar….