O Grande Prémio do Brasil, 21.º da temporada – só faltam três -, foi pródigo em peripécias, com várias incidências logo antes da corrida e na própria. Acontecimentos que ajudaram uns pilotos e prejudicaram outros, mas que fazem parte deste desporto. Max Verstappen regressou aos triunfos, após dez provas, numa exibição espetacular de condução à chuva e de perceber o caos que estava instaurado nesta corrida. Aliás, até mereceu os parabéns dos mais experientes – dos quais também se esperava mais, mas já lá vou – Fernando Alonso e Lewis Hamilton. As incidências foram tantas que antes de começar a esmiuçar este Grande Prémio, deixo já os melhores momentos.
Para além da fantástica condução do tricampeão do Mundo (brevemente tetra), o fim-de-semana teve outro grande protagonista, a chuva. Já vem sendo habitual em Interlagos (São Paulo), mas desta vez criou mesmo o caos. Estes monolugares não foram concebidos para estas condições, devido ao spray de água que produzem, assim como os pneus de chuva não são particularmente eficazes. Tudo começou antes dos semáforos se apagarem para o início do Grande Prémio. No sábado, já depois da corrida Sprint (também já lá vou), a Qualificação não se realizou, passando a mesma para domingo de manhã, antes da corrida. Com vários acidentes a decorrerem, carros como os dois Aston Martin ou o Ferrari de Carlos Sainz não foram para a grelha nas melhores condições. Sendo que Alex Albon nem conseguiu apresentar-se na mesma.
Lando Norris fez a pole-position, com George Russell no 2.º posto e um surpreendente Yuki Tsunoda no 3.º lugar. Max Verstappen que tinha ficado no Q2, ainda foi penalizado em cinco lugares, por ter trocado a unidade motriz do seu Red Bull e, assim, partiu da 17.ª posição. O piloto neerlandês fez um arranque brutal e recuperou logo várias posições e depois demonstrou quem é o campeão do Mundo, com uma condução soberba, tirando igualmente partido das situações de bandeira vermelha e ‘safety car’. Todavia, o outro piloto envolvido na luta pelo Mundial de Pilotos, também não fez tudo que estava ao seu alcance, pois errou, como quase toda a gente, mas houve dois ou três (os que foram ao pódio) que não erraram. Vejam o erro de Norris na largada de ‘safety car’…
Já se sente o cheiro a tetra e os abraços dos homens da Alpine…
Max Verstappen, a três provas do final da época, já consegue sentir o gosto ao tetracampeonato, sim de forma consecutiva, depois de ter vencido e deixado Lando Norris na 6.ª posição, aumentando bastante o fosso. Mas, o fim-de-semana, não começou assim.
Com corrida de Sprint incluída neste Grande Prémio do Brasil, a McLaren demonstrou que estava em São Paulo para animar as contas, fazendo 1-2 na qualificação, com Oscar Piastri na pole position. Assim se mantiveram até perto do final, quando houve a ordem de equipa para que o britânico passasse para o primeiro posto. Com Max a terminar em 4.º, após penalização de cinco segundos por não ter cumprido o regulamento, durante uma situação de ‘safety car’ virtual, Lando ganhou logo quatro pontos. Mas, na corrida foi o que se viu e Max tem agora 62 pontos de vantagem.
Tão ou mais impressionante que a condução de Max Verstappen foram as prestações de Esteban Ocon e Pierre Gasly e dos respetivos Alpine. Os monolugares da marca francesa ganharam vida com a chuva e os dois pilotos gauleses mostraram capacidade para levar os carros ao pódio. Ocon foi segundo e Gasly terceiro, sendo que até houve direito a vários abraços no final da prova, sendo bastante conhecida a animosidade que ambos apresentam um pelo outro. Pontos preciosos para a equipa que anima a segunda metade da classificação do Mundial de Construtores (já vamos a contas).
Incerteza no Mundial de Construtores aparenta ser até ao fim
Apesar de não ter conseguido maximizar os pontos, ao ter largado da primeira posição, a McLaren ganhou mesmo pontos aos mais diretos rivais (Ferrari e Red Bull), pois colocou ambos os carros nos pontos – Lando em sexto, oito pontos e Oscar em 8.º, quatro -, depois do tal 1-2 no Sprint. Assim, a marca britânica tem alguma folga, não muita, na frente da classificação (36 pontos para os italianos e 49 para os austríacos).
Mas, a luta não está apenas animada no pódio, já que a segunda metade da tabela está ao rubro, após o grande resultado da Alpine e com a V-card a colocar, igualmente, ambos os carros nos pontos. A marca francesa passou diretamente para a sexta posição, deixando a Haas a três pontos e a V-card a cinco. Que bela animação aqui vai e como isto promete nos três Grandes Prémios que ainda restam para o final da temporada.
Alonso e Hamilton aquém com uma boa réplica da V-card
O top-10 deste Grande Prémio do Brasil, como já referido, teve mais duas boas surpresas, se bem que Yuki Tsunoda partiu da terceira posição e apenas terminou em sétimo, mas mesmo assim merece o aplauso. Tal como, Liam Lawson que arrancando de quinto, acabou a corrida em nono. No entanto, bela prestação da V-card que ganhou pontos à Haas e respondeu da melhor maneira possível aos pontos arrecadados pela Alpine. Ainda destaque para o décimo posto (o pontinho) de Lewis Hamilton que não fez uma grande exibição, mas conseguiu ganhar quatro posições, depois de ter arrancado do 14.º posto.
Porém, como fã e conhecedor das verdadeiras ‘armas’ de Sir Lewis Hamilton e de ‘el señor’ Fernando Alonso, este Grande Prémio teve um pingo (chuva e tal) de desilusão. Mas, tudo aparentemente – desculpas ou não – tem explicação. No caso do piloto espanhol, que até arrancou de nono, mas terminou no 14.º lugar, o monolugar não estava mesmo nas melhores condições. Como já referi no início, ambos os Aston Martin foram reparados em poucas horas e não ficaram ideais para pilotar que o diga Lance Stroll que não passou da volta de formação, quando o seu carro se virou a ele numa travagem a baixa velocidade, com o canadiano a não arrancar para o Grande Prémio. No final, Fernando Alonso confessou que só levou o Aston Martin até ao fim por respeito ao trabalho dos mecânicos, pois o carro estava inguiável.
A mesma mensagem foi dita inúmeras vezes pelo sete vezes campeão do Mundo Lewis Hamilton que, normalmente, prospera nestas condições, mas a falta de confiança neste Mercedes é tanta que a sua condução acabou por ser demasiado cautelosa e, até por isso, tenha conseguido o 10.º posto, mas esperava-se mais…
Até porque (isto é só uma desculpa para deixar o próximo vídeo), o piloto britânico aparentemente andou bem a fundo com o McLaren de 1990 que pertenceu a Ayrton Senna, na homenagem feita ao considerado por muitos como o melhor piloto de todos os tempos, na sua terra natal. Aqui fica… Até Las Vegas!!!